As the first time é um registro autoral de uma visão sobre o tempo, o espaço e a fotografia. O Filme caminha sobre a linha entre o preto e o branco, o analógico e o digital, o presente e o remoto. Com direção de José Luiz Day (@zecaday), e usando o Line Apts. como cenário, o filme traz uma visão conceitual e percepções de arquitetura, design e sensações de se estar presente nestes ambientes através da fotografia.
https://youtu.be/8bQNhU59XWI
Além de campeão nas categorias “People’s Choice” e “Narrative Architecture Video” do prêmio Loop Design Awards (Portugal) , o filme participou da seleção competitiva do Venice Architecture Film Festival (Itália).
Conteúdo desenvolvido durante a participação do Festival em Veneza: https://vimeo.com/757309420
Confira abaixo a entrevista com Zeca e Victor, falando um pouco mais sobre o processo de criação e sobre os resultados do filme:
Zeca Day:
– Como foi a experiência desde o ponto de partida para o projeto. Quais pontos foram mais marcantes dentro do projeto?
O próprio convite acredito que pode sintetizar um pouco do que foi trabalhar nesse projeto junto da Vasselai Inc., porque desde o primeiro contato foi estabelecida uma relação de confiança e liberdade criativa. Isso acabou se tornando um elemento chave no processo criativo para que o resultado esperado fosse alcançado. Além disso, o projeto se transformou durante o caminhar das etapas. O que era um vídeo que falava sobre o ambiente ganhou corpo, foi se aprofundando em sentido e acabou se tornando uma produção muito pessoal para mim, como diretor.
– Como você enxerga a relação da arquitetura com o cinema e as possibilidades de exploração/criação dentro deste segmento?
Eu sempre tive uma certa curiosidade visual quanto aos espaços em que estive, sejam interiores ou espaços abertos, e acredito que a arquitetura consegue resolver muito bem questões de interação humana com os nossos sentidos. Inclusive, isso já me fez cogitar estudar arquitetura quando era mais novo. Com o desenvolvimento do meu olhar fotográfico e uma busca por trabalhar com a linguagem cinematográfica, eu identifico muito a arquitetura fazendo parte da minha personalidade visual. Hoje eu reconheço isso de forma muito clara. De uma certa forma, uma das surpresas mais positivas que esse projeto me entregou foi conhecer um cenário muito mais vivo do que eu imaginava de pessoas que conectam arquitetura e cinema. Uma série de festivais ao redor do mundo, filmes incríveis e muitas pessoas que estão dispostas a discutir essas questões em um âmbito conceitual e artístico de forma ativa. Agora, mais do que nunca, tenho certeza que a relação da arquitetura e do cinema é algo muito potente.
– Quais eram suas expectativas e nos fale mais sobre os pontos que foram além ou aquém das suas expectativas
De uma certa forma, minha expectativa é sempre conciliar os objetivos de quem está envolvido com o projeto com questões autorais, como o tipo de trabalho eu quero ver sendo criado. Neste caso acredito que conseguimos ir além dessa questão e tivemos a chance de colocar ainda mais de nós dentro do filme. Trabalhar com amigos, criar junto de pessoas talentosas, construir algo que faz sentir. Esse é o principal mérito na minha opinião. E claro, além disso, ainda ficamos muito felizes com a seleção para os festivais e premiações que o filme recebeu. Isso é uma resposta muito importante a quem coloca um pouco de si em cada trabalho. Receber esse tipo de celebração, sendo que foi nossa primeira experiência inscrevendo projetos em festivais, foi sem dúvida uma grande superação de expectativas.
– Qual a importância do time em um projeto como este? Como você percebe a relevância da interseção das profissões de arquitetura, design, engenharia, redação, cinema, fotografia, etc.
O Cinema é uma arte coletiva. Essa é uma máxima essencial quando pensamos em um projeto como esse. Poder colaborar com um grupo de profissionais tão talentosos é incrível e faz com que projetos como esse sejam possíveis. Ser amigo e fã de todas essas pessoas é ainda mais especial. Nesse projeto, essas diversas modalidades interagiram de uma maneira muito orgânica e assertiva, com um objetivo claro: contar a história. Isso é o mais legal, na verdade. Poder contar com diferentes ferramentas e entender que cada uma dessas escolas pode agregar um significado na hora de apresentar e comunicar uma narrativa ao seu público. Nada aqui é secundário, pois tudo fala em favor da história.
Victor Michelato
– Como foi a experiência desde o ponto de partida para o projeto. Quais pontos foram mais marcantes dentro do projeto?
Quando recebi o convite do Zeca para estar colaborando no projeto ainda tinham alguns detalhes a serem decididos para que ele pudesse ser o que é. Me marca o fato de eu estar lá quando percebemos que o projeto poderia refletir as várias conversas pessoais sobre fotografia que tivemos nos meses anteriores. E esse alinhamento criativo com a Vasselai Inc. foi muito natural.
– Como você enxerga a relação da arquitetura com o cinema e as possibilidades de exploração/criação dentro deste segmento?
Eu vejo que a arquitetura é um canal que o cinema usa com muita força e que contribui para revelar a posição que o assunto em foco está. Sentimentos, intenções e interações do personagem com o ambiente trazem uma conexão mais natural para quem assiste. Acho que quando nós nos conectamos com um ambiente que gostamos, é uma chance de olhar para dentro, tal como literalmente se ver no reflexo de uma janela ou subjetivamente conhecer mais do que nos interessa. E agora eu faço um contra plano para ajudar a ilustrar melhor minha ideia dizendo que o cinema também é um canal para mostrar a importância das nossas interações pessoais com a arquitetura. Porque onde nós sentimos faz parte do que nós sentimos.
– Quais eram suas expectativas e nos fale mais sobre os pontos que foram além ou aquém das suas expectativas
Já ter trabalhado no ambiente em outro momento, quando ainda não estava pronto, me deu aquela sensação de deja vu, sabe? E eu fui curtindo isso no decorrer do dia. Como usamos a mesma câmera e lentes nas duas gravações eu comparava planos gravados e pensava: nossa! No geral, minha expectativa dentro de um projeto é oferecer as soluções necessárias para tornar nossas ideias em imagens, mas nesse caso era algo muito pessoal, as expectativas era de quase fazer um auto retrato sem literalmente aparecer na frente da câmera
– Qual a importância do time em um projeto como este? Como você percebe a relevância da interseção das profissões de arquitetura, design, engenharia, redação, cinema, fotografia, etc.
São as mãos de pessoas talentosas que moldam o que podemos enxergar, ouvir, tocar e sentir. A certeza de que ninguém faz tudo sozinho e que a colaboração é essencial torna o trabalho em equipe algo prazeroso. A relação interdisciplinar entre profissões é possível e quando acontece, como nesse caso, é o que torna os bastidores tão bonito quanto o sucesso do próprio projeto.